O Mal de Alzheimer é
uma doença silenciosa, que se revela aos poucos. Mas um estudo,
publicado por pesquisadores do San Francisco VA Medical Center, nos
Estados Unidos, conseguiu mapear os seis principais fatores de risco
para a demência: sedentarismo, uso de álcool, depressão, tabagismo,
diabetes, hipertensão na meia idade e obesidade.
Em comum, todas essas condições oferecem algum risco à saúde
cérebro-vascular. "Fumo, obesidade, hipertensão e diabetes contribuem
para o aumento de lesões no cérebro que levam à perda de cognição",
afirma o psiquiatra Cássio Bottino, do Instituto de Psiquiatria da
Faculdade de Medicina da USP. As lesões, associadas às dificuldades de
conexão entre os neurônios (efeito do aumento da proteína
beta-amilóide), dão origem à maioria dos diagnósticos de Alzheimer
atualmente. "A demência vascular, ou seja, os problemas que surgem
devido ao mau funcionamento do coração já são elementos tão importantes
quando o crescimento fora de controle da proteína na descoberta da
doença", afirma o neurologista e geneticista David Schlesinger, do
Hospital Albert Einstein. A seguir, especialistas discorrem sobre a
relação entre esses fatores e dão dicas para você cuidar melhor da saúde
e se proteger contra o Alzheimer.
Síndrome metabólica
A geriatra Yolanda Boechat, coordenadora do Centro de Referência em Atenção ao Idoso da UFF-RJ, explica que a síndrome metabólica
eleva a incidência de doença vascular cerebral, além de aumentar o
estresse oxidativo. A síndrome é a associação de doenças como obesidade,
hipertensão arterial, hiperglicemia (níveis elevados de açúcar no
sangue), aumento dos níveis de triglicérides, diminuição dos níveis de
colesterol "bom" HDL e aumento dos níveis de ácido úrico no sangue.
Em comum, todos esses males provocam um maior acúmulo de gordura
no sangue, dificultando a circulação pelo corpo. Com isso, há um
aumento de lesões microcardiopáticas, assim como a atrofia cerebral. O
excesso de glicose no sangue, proveniente do diabetes, tem as mesmas
consequências. Segundo a especialista, esses fatores, juntos, podem
elevar a perda da memória em até 40%.
Hipertensão
Num quadro de hipertensão
arterial, a intensidade com que o sangue circula acaba causando lesões
nos vasos, inclusive nos do cérebro (mais sensíveis)." Danificados,
eles acabam levando menos sangue, oxigenação e nutrientes para o
cérebro", afirma Cássio Bottino. O tecido cerebral é muito dependente da
oxigenação do sangue e pode perder capacidade caso surjam falhas
vasculares.
Tabagismo
Outro fator apontado na pesquisa é o tabagismo.
"O cigarro acelera o processo de envelhecimento neurológico e a atrofia
cerebral, o que agrava as chances de Alzheimer", afirma Yolanda
Boechat. Além disso, é possível que o risco aumente por causa de
pequenos infartos cerebrovasculares que aumentam a morte de neurônios,
provocados pelas toxinas presentes no cigarro.
Álcool
O consumo de mais
de duas doses diárias de álcool, não importa a bebida, aumenta em quase
10% as chances de ter distúrbios neurológicos. Fora isso, o alcoolista
crônico sofre com a perda de tecido cerebral, ou seja, o cérebro encolhe
com o tempo e agravam-se problemas como esquecimento e perda da memória
recente. Mas o consumo de uma dose diária de álcool (e isso varia de
acordo com a bebida) pode retardar o aparecimento do Mal de Alzheimer,
de acordo com estudo da Loyola University, em Chicago.
Sedentarismo
A atividade física, além de combater a obesidade e outros
fatores de risco apontados pelo estudo, banha o cérebro com endorfina.
Esse hormônio é um antioxidante capaz de fazer uma faxina no cérebro e
eliminar radicais livres, combatendo o envelhecimento das células "A
prática regular de atividade física também contribui com a irrigação
sanguínea das células neuronais, melhorando as conexões e o raciocínio",
afirma a médica Yolanda. Segundo pesquisadores do Centro Médico da
Universidade de Rush, de Chicago (EUA), idosos devem praticar de 2,5 a 5
horas semanais de atividades físicas.
Depressão
Por fim, os pesquisadores indicaram a depressão como
agravante do Alzheimer. A dificuldade de relacionamento causada pela
depressão prejudica a memória e a capacidade de comunicação, inibindo o
funcionamento de partes do cérebro. "Se não for tratada, a depressão
pode levar à falência da área cerebral responsável pela memória
(hipocampo), incluindo a de fatos recentes.
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