Falar de depressão
nos dias atuais é algo cada vez mais natural. De acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS), há uma previsão de que, até
2030, esse será o mal mais prevalente em todo o mundo, à frente de
outras doenças, como o câncer. Atualmente, a população atingida
pelo problema bate os 120 milhões, sendo que o Brasil é líder no
ranking de prevalência dos países em desenvolvimento.
Se por um lado a depressão é um mal cada vez
mais recorrente em diferentes faixas estarias, na terceira
idade não é diferente. Muito pelo contrário: ela é muito
comum e frequente. Saiba mais sobre como a doença afeta os idosos
e qual é o papel da família no enfrentamento do problema na
entrevista com a psicóloga Raquel Maracaípe de Carvalho.
A depressão na terceira idade é comum ou
ela é tão frequente quanto em outras faixas etárias?
A depressão na terceira idade é
muito comum e frequente se compararmos às outras faixas etárias.
Diferentemente do que a maioria pensa, o idoso pode, sim, se sentir
deprimido, ansioso e angustiado. A depressão na terceira idade
surge, principalmente, em decorrência do isolamento social, afetivo
e familiar ao qual esse idoso é submetido. Por isso, é importante
inserir a pessoa nos círculos familiares e sociais dos quais ela fez
– e ainda faz – parte durante toda a vida. É importante para o
idoso se sentir útil, pois, caso contrário, ele irá perder o ânimo
da vida, se sentir desprezado e, assim, acaba acometido pela
depressão.
Em geral, os sintomas
apresentados pelo idoso com depressão são: apatia geral pela vida,
falta de interesse em sair, participar de encontros e festas da
família e de amigos, não ter vontade de se arrumar ou tomar banho,
apresentar falta de apetite, insônia ou dormir em excesso. Tudo isso
acompanhado de um sentimento de menos valia, como, por exemplo,
falando que a vida já perdeu o sentido, que ele já poderia ter
morrido há muito tempo, que ele não tem mais nada a fazer nesta
vida, etc., além de desânimo e cansaço.
Em quadros de depressão, é normal que o
idoso se sinta "inútil" e até incomodado pelo fato de
estar atrapalhando os seus outros familiares?
Sim. Como já foi dito anteriormente, os idosos
com depressão, muitas vezes, têm o sentimento de que são inúteis,
de que não "servem" mais para nada, que sua vida é um
fardo ou peso para a família. Por isso é comum o sentimento de
estar "atrapalhando" a vida dos outros, principalmente dos
familiares.
Além desses sentimentos, quais outros o
idoso pode manifestar?
Ele pode manifestar raiva, que pode ser expressa
na forma de manifestações ou agressões físicas ou verbais. O
idoso pode também, nesses casos, ter atitudes de reclamar de tudo,
de não se conformar com a vida que tem (em todos os aspectos:
econômico, financeiro, social, familiar, sentimental, etc.).
O suicídio é comum nesse contexto?
Sim. Muitas vezes pensamos que, pelo fato do idoso
já estar mais velho ou no "final da vida", ele seria
incapaz de cometer suicídio. Infelizmente há vários casos, o que
denota uma situação extrema da depressão, pois o suicídio foi
visto como a única forma ou maneira de sair daquela situação que
lhe trazia desespero, angústia e tristeza profunda.
É muito importante a família dar todo o apoio à
pessoa idosa e, principalmente, àquela diagnosticada com depressão.
É a família que irá constituir a base para esse idoso, o resgate
do sentido de viver e continuar vivo. Junto a qualquer tratamento, a
família é coadjuvante nesse processo. Cabe à família inserir
novamente esse idoso nas relações sociais e familiares.
Como é feito o tratamento na depressão
dos idosos em geral?
Como dito anteriormente, a família deve estar
alinhada e integrada ao tratamento da depressão na pessoa idosa. O
tratamento consiste na ajuda médica (psiquiátrica, com o uso de
medicamentos antidepressivos) e na ajuda psicológica (com a
psicoterapia, no sentido de buscar, na vida desse idoso, o valor das
coisas, o sentido da vida, a alegria de continuar vivo). Então,
associamos o tratamento médico, psicológico, juntamente com o apoio
fundamental da família. (Dra. Raquel Maracaípe de Carvalho é
psicóloga formada pela Universidade Católica de Goiás (UCG)
http://idmed.terra.com.br
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