sexta-feira, 14 de março de 2014

QUAL DEVE SER O PAPEL DA FAMÍLIA EM CASOS DE DEPRESSÃO DE IDOSOS?

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Falar de depressão nos dias atuais é algo cada vez mais natural. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há uma previsão de que, até 2030, esse será o mal mais prevalente em todo o mundo, à frente de outras doenças, como o câncer. Atualmente, a população atingida pelo problema bate os 120 milhões, sendo que o Brasil é líder no ranking de prevalência dos países em desenvolvimento.

Se por um lado a depressão é um mal cada vez mais recorrente em diferentes faixas estarias, na terceira idade não é diferente. Muito pelo contrário: ela é muito comum e frequente. Saiba mais sobre como a doença afeta os idosos e qual é o papel da família no enfrentamento do problema na entrevista com a psicóloga Raquel Maracaípe de Carvalho.

A depressão na terceira idade é comum ou ela é tão frequente quanto em outras faixas etárias?
A depressão na terceira idade é muito comum e frequente se compararmos às outras faixas etárias. Diferentemente do que a maioria pensa, o idoso pode, sim, se sentir deprimido, ansioso e angustiado. A depressão na terceira idade surge, principalmente, em decorrência do isolamento social, afetivo e familiar ao qual esse idoso é submetido. Por isso, é importante inserir a pessoa nos círculos familiares e sociais dos quais ela fez – e ainda faz – parte durante toda a vida. É importante para o idoso se sentir útil, pois, caso contrário, ele irá perder o ânimo da vida, se sentir desprezado e, assim, acaba acometido pela depressão.

Em geral, os sintomas apresentados pelo idoso com depressão são: apatia geral pela vida, falta de interesse em sair, participar de encontros e festas da família e de amigos, não ter vontade de se arrumar ou tomar banho, apresentar falta de apetite, insônia ou dormir em excesso. Tudo isso acompanhado de um sentimento de menos valia, como, por exemplo, falando que a vida já perdeu o sentido, que ele já poderia ter morrido há muito tempo, que ele não tem mais nada a fazer nesta vida, etc., além de desânimo e cansaço.

Em quadros de depressão, é normal que o idoso se sinta "inútil" e até incomodado pelo fato de estar atrapalhando os seus outros familiares?
Sim. Como já foi dito anteriormente, os idosos com depressão, muitas vezes, têm o sentimento de que são inúteis, de que não "servem" mais para nada, que sua vida é um fardo ou peso para a família. Por isso é comum o sentimento de estar "atrapalhando" a vida dos outros, principalmente dos familiares.

Além desses sentimentos, quais outros o idoso pode manifestar?
Ele pode manifestar raiva, que pode ser expressa na forma de manifestações ou agressões físicas ou verbais. O idoso pode também, nesses casos, ter atitudes de reclamar de tudo, de não se conformar com a vida que tem (em todos os aspectos: econômico, financeiro, social, familiar, sentimental, etc.).

O suicídio é comum nesse contexto?
Sim. Muitas vezes pensamos que, pelo fato do idoso já estar mais velho ou no "final da vida", ele seria incapaz de cometer suicídio. Infelizmente há vários casos, o que denota uma situação extrema da depressão, pois o suicídio foi visto como a única forma ou maneira de sair daquela situação que lhe trazia desespero, angústia e tristeza profunda.

É muito importante a família dar todo o apoio à pessoa idosa e, principalmente, àquela diagnosticada com depressão. É a família que irá constituir a base para esse idoso, o resgate do sentido de viver e continuar vivo. Junto a qualquer tratamento, a família é coadjuvante nesse processo. Cabe à família inserir novamente esse idoso nas relações sociais e familiares.

Como é feito o tratamento na depressão dos idosos em geral?
Como dito anteriormente, a família deve estar alinhada e integrada ao tratamento da depressão na pessoa idosa. O tratamento consiste na ajuda médica (psiquiátrica, com o uso de medicamentos antidepressivos) e na ajuda psicológica (com a psicoterapia, no sentido de buscar, na vida desse idoso, o valor das coisas, o sentido da vida, a alegria de continuar vivo). Então, associamos o tratamento médico, psicológico, juntamente com o apoio fundamental da família. (Dra. Raquel Maracaípe de Carvalho é psicóloga formada pela Universidade Católica de Goiás (UCG)
http://idmed.terra.com.br

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