Estava lento outro dia uma
entrevista do antropólogo Roberto DaMatta, 75 anos, na Revista Veja sobre
doença de Alzheimer e como lidar com ela. Não sabia que era tão devastadora
assim. A entrevista era sobre outra coisa, mas acabou desviando para essa
enfermidade está a medida que o tempo passa agredindo sua mulher.
Na concepção de DaMatta, a
moléstia é terrível porque rouba a alma
do doente, ou seja, subtrai dele o que nos torna, afinal, humanos: a capacidade
de expressar de forma elaborada nossas idéias e emoções.
Ele conta com naturalidade e
franqueza que sua mulher teve a doença diagnosticada há sete anos, e hoje ela
já não fala. Foi perdendo a capacidade motora e cognitiva aos poucos. “No
princípio até pensei, não deve ser tão complicado. Mas com o tempo ela mostrou
seu lado mais perverso. É doloroso demais perceber que da pessoa que conheci a
48 anos, por quem me apaixonei perdidamente e com quem formei uma família, só
ficou o corpo, como uma lembrança do que já foi. Ela ainda está aí, mas não dá
para traduzir em palavras a falta que me faz”. É muito comovente tudo isto, só
quem tem um quadro assim na família sabe avaliar.
Por acaso encontrei uma amiga de
longa data durante as compras no supermercado. Fazia tempo que não a via. O
marido dela é um fraternal companheiro, pessoa muito querida das minhas
relações. E como sempre acontece nesses encontros, o óbvio é perguntar:
- Como está o teu marido?
- E os filhos?
A gente sempre quer saber como
estão todos. A resposta veio em seguida um tanto melancólica:
- Tudo bem, só estamos
enfrentando uma barra pesada, minha mãe está com Alzheimer!
Desconversei, animei-a,
despedi-me e saí andando.
Como muitos afirmam que é uma
doença devastadora, fui pesquisar para me certificar se de fato ela é tão cruel
assim. Segundo a medicina a doença de
Alzheimer é a causa mais comum de insanidade degenerativa em idosos. O seu
curso é marcado por uma deterioração gradual da função intelectual, declínio na
capacidade de realizar atividades de rotina da vida cotidiana e de lidar com as
alterações na personalidade e também no comportamento. O Alzheimer inclui o
comprometimento da memória, distúrbios de linguagem, déficits visuais e espaciais,
e comprometimento da capacidade de fazer cálculos e abstrações. Em 40 a 50% dos
pacientes, o estado de humor depressivo pode ser evidente em algum momento
durante o curso da doença. Outras anormalidades de comportamento observadas
incluem inquietação motora, agitação, o paciente segue a pessoa que cuida dele
a todos os lugares, e insônia.
O antropólogo Roberto DaMatta que
contou sem constrangimento a tristeza que vive em ver sua mulher acometida de
Alzheimer, foi professor da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, e
depois de sete anos voltou a viver em sua cidade natal, Niterói. É casado há 48
anos com dona Celeste, com quem teve três filhos.
Para você meditar:
- Controle o tom de sua voz!
- Já verificou como é
desagradável quando alguém se dirige a você em tom áspero? Pois faça aos outros
o que gosta que os outros façam a você.
- Mesmo quando repreender, faça-o
com voz calma e educada, como gostaria que o repreendessem quando você erra.
Lembre-se de que, em geral, somos
odiados ou amados, de acordo com o tom de voz que empregamos.
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