Ao chegar à terceira idade, a
perda de memória ou confusão mental pode parecer algo natural desta fase da
vida. Porém esta avaliação está errada e pode retardar a identificação e o
tratamento de um mal que assola cada vez mais pessoas no mundo todo: a Doença
de Alzheimer.
De acordo com o Relatório Mundial
da Doença de Alzheimer de 2009, da Alzheimers Disease International (ADI), mais
de 35 milhões de pessoas em todo o mundo sofrerão de demência em 2010. O novo
relatório foi divulgado em 21 de setembro, o Dia Mundial da Doença de
Alzheimer. Descrita pela primeira vez em
1906 pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, de quem herdou o nome, este mal é
uma síndrome causada por doença cerebral e se caracteriza por uma deterioração
progressiva e global das habilidades intelectuais, incluindo a memória,
aprendizado, orientação, linguagem, compreensão e o julgamento, sendo fatal. Os
sintomas mais comuns são: perda gradual da memória, declínio no desempenho para
tarefas cotidianas, diminuição do senso crítico, desorientação
têmporo-espacial, mudança na personalidade, dificuldade no aprendizado e
dificuldades na área da comunicação. Afeta principalmente pessoas mais velhas,
especialmente maiores de 65 anos, embora seu diagnóstico seja possível também
nos mais novos. Esta é a causa mais comum de demência, uma das maiores causas
de invalidez na velhice.
Atualmente a sua causa ainda é
desconhecida. Entretanto, sabe-se que não é causada por endurecimento das
artérias, pouco ou muito uso do cérebro, sexo, infecções, envelhecimento,
exposição ao alumínio ou a outro metal, como era imaginado antigamente. Atualmente não parecem existir
provas para acreditar que qualquer medida de prevenção é definitivamente bem
sucedida contra o Alzheimer. No entanto, estudos indicam relações entre
factores alteráveis como dietas, risco cardiovascular, uso de produtos
farmacêuticos ou atividades intelectuais e a probabilidade de seu
desenvolvimento na população.
Cada pessoa é afetada de
diferentes maneiras. Não existe um padrão único de evolução para todos os
vitimados pela doença. A determinação de estágios ou fases serve como guia para
verificar a progressividade da doença e ajudar os familiares/cuidadores a
conhecerem os problemas potenciais, permitindo assim que seja feito um
planejamento das necessidades futuras.
Estágio Inicial: é freqüentemente
negligenciado e incorretamente considerado como “processo normal do
envelhecimento”. Como o desenvolvimento da doença é gradual, fica difícil
identificar exatamente o seu início. Neste estágio, a pessoa pode apresentar
dificuldades com linguagem, desorientação de tempo e espaço, dificuldades para
tomar decisões, dificuldades para lembrar fatos recentes, perda de iniciativa e
motivação, sinais de depressão, perda de interesse nos hobbies e outras atividades.
Estágio Intermediário: com o
progresso da doença, os problemas se tornam mais evidentes e restritivos. A
pessoa tem dificuldades com as atividades do dia-a-dia, além de esquecimento de
fatos recentes e nomes das pessoas; maior dificuldade em administrar a casa ou
negócios; necessita assistência na higiene pessoal; maior dificuldade na
comunicação verbal; apresentar problemas de vagância (andar sem parar) e
alterações de humor e de comportamento como agitação, agressividade, que pode
ser física e/ou verbal), delírios (acreditar que está sendo roubado, que é
traído pelo cônjuge, etc.), apatia, depressão, ansiedade, desinibição
(despir-se em público, indiscrições sexuais, linguagem maliciosa, etc.).
Estágio Avançado: a dependência
se torna mais severa, os distúrbios de memória são mais acentuados e o aspecto
físico da doença se torna mais aparente. O portador de Alzheimer pode
apresentar dificuldades para alimentar-se de forma independente, não reconhecer
familiares, amigos e objetos conhecidos, dificuldade em entender o que acontece
ao seu redor, dificuldade de locomoção, incontinência urinaria e fecal,
comportamento inadequados em público, agressividade e agitação.
A Doença de Alzheimer não tem
cura. Algumas medicações específicas podem retardar a progressão da doença;
outras podem ajudar a minimizar a freqüência e a gravidade dos distúrbios de
humor e comportamento. Uma série de atividades poderá ser desenvolvida pelo
portador e junto a ele, estimulando-o e preservando habilidades atuais,
facilitando assim o dia-a-dia do familiar/cuidador. Ou seja, o tratamento é
focado nos sintomas, e as drogas têm bons efeitos por um ou mais anos.
Os familiares têm um papel
fundamental no diagnóstico correto da doença ao perceber as mudanças de
comportamento e encaminhar o paciente a um geriatra, psiquiatra ou
neurologista. Identificada a doença, eles assumem a importante função de
cuidadores, podendo auxiliar em atividades cotidianas e no controle do
tratamento. Com a terapia adequada e o apoio da família, é possível controlar
os sintomas e proporcionar melhor qualidade de vida a todos. Para cuidar, é
preciso vencer o preconceito.
SINAIS DE ALERTA
Não pense que “caducar” é uma
falha normal que surge com o avanço da idade. Se você ou um familiar
apresentarem uma ou mais das características abaixo, um médico deve ser
consultado.
• Problemas de memória que trazem
prejuízo e atrapalham as atividades diárias. Por exemplo, quando o idoso
esquece frequentemente onde deixou as chaves;
• Costuma colocar os objetos nos
lugares errados: copos e talheres na estante de livros ou na bolsa de pertences
pessoais;
• A comunicação torna-se uma
atividade difícil, e a pessoa não consegue se expressar ou entender
corretamente o que os outros estão dizendo;
• Perda da orientação no tempo e
no espaço. O paciente se perde com frequência quando está passeando na rua ou
costuma não saber em que dia da semana está;
• O paciente fica muito tempo
parado e não toma mais a iniciativa para realizar atividades de que sempre
gostou, como ler ou assistir a jogos de futebol na TV.
• Tarefas diárias e rotineiras,
como almoçar sozinho ou mesmo tomar banho, tornam-se difíceis.
• Perda da capacidade de juízo e
crítica – a pessoa não consegue mais emitir opiniões coerentes sobre um
assunto;
• O paciente fica com o
raciocínio mais lento e confuso, misturando nomes e eventos do passado;
• O transtorno de comportamento é
um sinal forte. Por exemplo, sair de um momento de alegria para uma explosão de
agressividade;
• Mudança na personalidade. O
paciente que costumava ser uma pessoa atenciosa e amável torna-se mal-humorado
e rabugento.
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