terça-feira, 28 de maio de 2013

A DOR DE QUEM NÃO ESQUECE


Eu nasci e dei de cara com aquela mulher linda em minha frente
O tempo foi passando e ela cuidando de mim e dos meus irmãos
Com amor carinho e dedicação. Era outra época as mães eram por inteiro.

Guerreira, não teve muitas oportunidades.
Mas no seu papel era a melhor
Mulher, Mãe, Amiga, Companheira.
Mesmo com o pouco que lhe foi permitido aprender.

Um dia, do nada, coisas diferentes começaram a acontecer
Um esquecimento aqui, frases repetidas ali
Não! É cedo ainda, não pode ser a idade
O que está acontecendo?

Os fatos se repetindo e se agravando
A falta de informação não nos permitia ver
O que realmente acontecia
E começamos a ver aquela linda mulher, se transformar

Não por vontade própria, nem por idade
Era a doença que silenciosamente tinha chegado
E queria a qualquer custo tirá-la de nós
Sem cerimonia, sem pedir licença

Ela chegou, e chegou como um vulcão em erupção
Devastando, ela e todos nós
A voz truncada, o desequilíbrio emocional
O descaso com o próprio corpo

Ó maldita doença, levou a voz, a sanidade, os movimentos
Hoje a linda mulher, a guerreira de todas as horas
Vegeta como um ser abduzido
Como se a minha, a linda, a inteira mulher
Que conheci jamais tivesse existido

Definhando a cada dia, olho pra ela
Pergunto onde está minha mãe
Eu falo, ela não mais me escuta
Chego, ela não mais me enxerga
Choro, ela não mais me ouve
O toque em alguns momentos,
É a única forma de comunicação que ainda teimamos em manter

Aquela que foi e sempre será tudo para mim
Teima em lutar e continuar vivendo
Mesmo tendo perdido toda
A dignidade que um ser humano supõe ter
Pois, ela não perdeu a força de guerreira
Que sempre lhe foi peculiar.

E Eu continuo aqui, te dizendo no ouvido baixinho

Te amo MÃE e vou estar aqui sempre e você sempre estará em mim.
https://www.facebook.com/pages/Alzheimer-A-dor-de-quem-nao-esquece

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