Jogos,leitura e descanso melhoram o funcionamento da memória. Atividade física e alimentação também ajudam a lembrar das coisas. Falta de atenção é a maior queixa de memória das pessoas jovens.
Esquecer a chave de casa, não
lembrar onde estacionou o carro e perder objetos pela casa é bastante comum com
a vida agitada que as pessoas levam. O Bem Estar desta sexta-feira (16)
explicou como funciona o cérebro e o que pode prejudicar a memória das pessoas.
Para memorizar, é preciso passar
por quatro etapas: atenção, compreensão, armazenamento e resgate. No estúdio, o
neurologista Tarso Adoni e a neurocientista Suzana Herculano explicaram como
funcionam essas quatro fases da memória. A falta de atenção é a principal
culpada e motivo de queixa de memória das pessoas jovens.
Para ter uma boa atenção, é
preciso concentrar-se na atividade que exige de você uma boa memória. Livrar-se
da poluição sonora e visual é o primeiro passo para harmonizar o ambiente e
potencializar a capacidade de estar atento a alguma informação. Para quem
estuda ou trabalha em casa, é fundamental ter um espaço isolado de barulhos
externos e informações visuais que possam tirar a concentração.
No caso da compreensão, não basta
apenas entender o que é dito. Compreender é muito mais difícil que decorar, por
isso a compreensão precisa ser exercitada. Vale lembrar também que o cérebro
não é infinito e os 86 bilhões de neurônios são o melhor sinal de que há um
limite para o trânsito de informações dentro de nosso corpo. Por isso armazenar
as informações é importante.
A última fase da memorização é a
recuperação. É comum não se lembrar de algo quando você precisava, mas se
lembrar depois, quando alguém te diz algo ou você tem alguma pista de onde
estava a informação. O nosso cérebro funciona melhor com associações e tem
muito mais poder de recuperação quando uma informação tem cara, cor, cheiro,
som, nome ou jeito.
Há três tipos de memória: a visual, a auditiva e a sinestésica. As
pessoas acabam percebendo isso por experiência própria. Por exemplo, se
você costuma se lembrar bem de conversas que teve, assuntos, frases que
as pessoas disseram, você tende a ter um canal da memória auditiva mais
sobressalente.
Se você se lembra com mais facilidade de imagens, rostos, cores,
roupas, de "fotografias" que seu cérebro tira das situações, você tem
uma memória mais visual. A memória sinestésica é mais difícil de
compreender, mais ligada a uma capacidade de associar fatos a imagens e
sensações, lembrar-se bem de cheiros, gostos e texturas, por exemplo,
ligada a outros sentidos que não a audição e nem a visão.
Diariamente, milhares de informações circulam pelo cérebro, mas só uma
pequena parte fica, o que é normal e necessário. No caso da doença de
Alzheimer, as informações não conseguem ser retidas no cérebro pois há
disfunções em conexões nervosas e outras regiões.
Ao longo da vida, as pessoas constroem uma série caminhos com
informações. Toda vez que fazemos algo que ativa nosso cérebro, estamos
construindo estes caminhos, diversas rotas que ligam o nosso momento
presente com a nossa memória.
Conforme a idade chega, estes caminhos vão se perdendo. Só que, se a
pessoa tiver construído muitos caminhos, chegar até a memória não vai
ser um problema. A dica para fazer a manutenção destas estradas é
manter-se intelectualmente ativo, trabalhando, estudando e lendo. Veja
mais algumas dicas:
Leitura: atores, atrizes, professores e professoras
são profissões em que se lê muito. Estudos apontam que estas profissões
conseguem conservar por muito mais tempo uma boa memória. Ler é
fundamental para garantir o bom funcionamento da memória.
Bom descanso: uma das piores coisas para a memória é a
privação de sono. Se a pessoa deixa de dormir, a memória pode falhar. O
cérebro é como qualquer outra parte do corpo: ele precisa descansar e o
sono atua para "assentar" a memória e ajuda a assimilar as informações.
Jogos: jogos de palavras, números, tabuleiro e cartas
funcionam como exercícios para o cérebro porque exigem de você o
raciocínio lógico e atenção.
Conversa: o contato social é fundamental para uma boa
memória. Vale todo tipo de contato, desde uma conversa pessoalmente até
uma ligação pelo telefone ou simplesmente a troca de mensagens. Quando
você entra em contato com alguém, você exercita e estimula sua memória.
Alimentação adequada: o neurônio precisa de glicose e
oxigênio para funcionar, por isso é importante uma dieta bem balanceada,
que fornece os nutrientes nas quantidades adequadas. É o caso da "dieta
do mediterrâneo", por exemplo, que promove um bom equilíbrio de
proteínas, gorduras, açúcares, vitaminas e antioxidantes. Existe uma
vitamina que é fundamental para o funcionamento do nosso cérebro e da
memória, que é a vitamina B12, proveniente dos derivados de animais e
encontrada em alimentos como carne, leite, ovos, queijo e iogurte.
No vídeo ao lado, o neurologista Tarso Adoni e a neurocientista Suzana Herculano tiram dúvidas dos internautas.
Atividade física: o exercício físico faz nascerem
neurônios no hipocampo, uma região do cérebro responsável pela memória. É
como se ele aumentasse o tamanho da nossa "gaveta" de armazenar
informações. Além disso, quem faz exercício melhora a capacidade
vascular e a irrigação sanguínea do cérebro, prevenindo AVC’s, por
exemplo.
O exercício também faz o corpo liberar prolactina, um hormônio que tem
ação calmante, e endorfinas, que colaboram para o aumento do prazer. Ao
usar os músculos, as atividades físicas reduzem a tensão e o corpo
relaxa - o que faz bem para o cérebro. O exercício também aumenta a
atividade do sistema nervoso parassimpático, que promove a digestão e o
crescimento e age como freio contra o estresse.
Alvo do cérebro
Mesmo que você faça várias coisas ao mesmo tempo, como conversar ao
telefone, lavar a louça, administrar a comida no fogão e cuidar das
crianças, o seu cérebro vai escolher apenas uma atividade por vez para
ser a prioridade. É o alvo do cérebro naquele momento. Por isso, para
memorizar é importante que a atividade que você quer armazenar seja o
alvo daquele momento. A dica para isso funcionar é, enquanto você
estiver fazendo algo que seja importante, não tentar fazer outras coisas
ao mesmo tempo.
Alzheimer
A doença de Alzheimer acontece quando os neurônios se degeneram e a
pessoa começa a ter problemas para se lembrar dos fatos recentes. Isso
acontece em geral com pessoas mais velhas, como característica de uma
doença degenerativa. A memória que costuma ficar prejudicada nas pessoas
que sofrem Alzheimer é a memória de "curto prazo", usada para assimilar
informações mais recentes.
Conforme a doença progride, ela pode afetar outras áreas da memória,
como as responsáveis pelas memórias mais antigas. Os estudos mostram que
cerca de 2% da população entre 65 e 70 anos têm Alzheimer. Dos que tem
de 70 a 75 anos, 4% tem a doença, Dos que tem entre 85 e 90 anos, cerca
de 32% tem Alzheimer. E quase metade dos que tem acima de 90 anos tem a
doença. A mensagem principal para combater a doença é manter a mente
ativa, na tentativa de retardar o surgimento do Alzheimer.
Teste de Stroop
Criado por J. Ridley Stroop, o teste exercita os lóbulos frontais do
cérebro responsáveis por nosso planejamento e ação. A pessoa precisa ler
a cor do que está escrito, independentemente da palavra. Você consegue?
Faça o teste!
http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2012/03/jogos-leitura-e-descanso-melhoram-o-funcionamento-da-memoria.html
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