terça-feira, 21 de maio de 2013

ALZHEIMER: O SOFRIMENTO DE TODA A FAMÍLIA


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Toda doença traz sua carga de sofrimento, não só para o doente como para a própria família. Mas, segundo os especialistas, poucas trazem tanto sofrimento para todos quando o mal de Alzheimer, a forma mais comum de demência senil. Ela não tem cura, e a grande maioria é tratada em casa. O idoso vai perdendo a consciência de si mesmo e do mundo, sofre mudanças drásticas com comportamento, como surtos de agressividade, enfrenta alucinações e aos poucos vai se "esvaziando" como pessoa: ao longo do processo, torna-se incapaz de interagir com a realidade em volta. Este processo de verdadeira deteriorização pode durar até 20 anos. E a família é obrigada a conviver com a perda sem nenhuma possibilidade de ajuda ao doente, com exceção de alguns medicamentos que diminuem muito pouco os sintomas.
Uma das saídas que surgiram nos últimos anos é a criação de grupos de apoio aos familiares, incentivados pela Abraz (Associação Brasileira de Alzheimer). A Folha de São Paulo trouxe recentemente uma matéria interessante sobre o problema, com depoimentos de dois profissionais que buscam ajudar a família a aceitar a dor desta perda gradual e irreversível.
Uma dela é a psicóloga Rosilene Alves de Souza Lima, que coordena um grupo em São Paulo. Ela conta que já viu muitos cuidadores adoecerem e morrerem antes do paciente, incapazes de suportar o estresse. "A única coisa que a família tem na mão é o cuidado, mas o Alzheimer vai progredir independentemente do que se faça. Se o cuidador parar de viver, não vai mudar o estado do paciente." diz a psicóloga. "A demência traz muitos acertos de contas. Envolve os familiares não só nos aspectos operacionais, de levar aos médicos, trocar roupas, dar banho. É preciso lidar com a culpa, a frustração, a irritação". Os grupos de apoio permitem a troca de informações entre pessoas que vivem o mesmo problema, em que estão envolvidas desde questões práticas, sobre como lidar com um paciente que se recusa a comer, até os desafios emocionais.

A reportagem da Folha trouxe ainda uma entrevista com o médico e psicólogo Edoardo Giusti, autor do livro "Alzheimer -Cuidados Clínicos e Aconselhamento Familiar". Abaixo, algumas das palavras do especialista. 


"Os familiares podem tornar a vida do doente mais suportável, se tiverem paciência e forem acolhedores e afetivos. Mas, o Alzheimer é degenerativo e até agora, embora as pesquisas tenham feito algum progresso, não há nada que possa mudar o curso da doença." 

"A deterioração das faculdades cognitivas gera, nos estágios mais graves, o esfacelamento psíquico. É um processo involutivo irreversível. A família deve receber orientação para compreender melhor a gravidade do estado demencial, para poder distinguir a presença dos vários distúrbios que podem atingir cada indivíduo. O tratamento não farmacológico é útil para ajudar a controlar a doença e tornar a vida do doente menos difícil e mais digna. Para ser eficaz, é preciso apoio afetivo e que os cuidadores aceitem a condição do paciente." 

"É muito comum a pessoa negar a doença. Os familiares precisam ser insistentes, firmes, mas nunca agressivos. Essa é a parte mais difícil. Um meio negativo e familiares que não aceitam a doença causam sofrimento emocional para o paciente, mas isso pode não fazer diferença no aumento das lesões. Quando não há condições de assistir ao doente e à sua família, a internação pode ser mais adequada." 
http://previa.vitrinedigital.net/

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