Quando estamos criança, ficamos de cara feia ou choramos quando nossos
pais nos proíbem de realizar todos os nossos desejos e fantasias. Na
adolescência, mais fortes e inteligentes, discordamos de muitas idéias e
atitudes dos coroas, chegando ao ponto de discutirmos e até
nos revoltarmos; além disso, nos sentimos extremamente entediados com a
lentidão dos dias, querendo que o tempo passe rápido para chegar a tão
esperada maioridade e fazermos muitas coisas diferentes. Depois de uma
longa espera estamos adultos e com liberdade de escolhermos nossos
caminhos: de preferência que nos levem a experiências intensas e
variadas. É a fase em que dispomos de um corpo rígido e uma
mente flexível.
Quando aprofundamos um relacionamento amoroso, progressivamente a outra pessoa começa a questionar e reclamar de certas atitudes nossas que não percebemos - mas que também nos desagradavam quando identificávamos em nossos pais. Com a chegada dos filhos, mesmo com os inúmeros livros lidos e entrevistas assistidas, sentimos a necessidade de repetir com os rebentos vários ensinamentos vividos na nossa infância, tornando-nos agora seus ardorosos defensores.
Estando na meia
idade, envolvidos em muitas atividades e responsabilidades,
inclinamo-nos a ficar fortemente automatizados e pouco flexíveis. Se não
aprendermos com as situações da vida, orientação religiosa ou com
psicoterapia, caminhamos gradativamente para o enrijecimento,
incorporando comportamentos que há algum tempo nos incomodavam . É a
época em que o tempo passa mais rápido: tão veloz que chegamos na
terceira idade sem perceber.
Percebemos então as várias mudanças
ocorridas em nós e no ambiente e, se não encontrarmos sentido nas
atividades e ocupações, os ponteiros do relógio vão se arrastar
lentamente. É o momento que ficamos mais apegados - e até dependentes
- a conceitos, sentimentos e hábitos antigos, alguns inadequados. É
uma fase delicada porque, ao contrário da juventude, tendemos a ter um
corpo maleável e uma mente rígida ("cabeça dura"); a nos relacionar mais
intensamente com os conceitos do que com os estímulos do ambiente.
Os
valores podem petrificar e dificultar muito a nossa caminhada,
tornando-a desnecessariamente pesada e dolorosa. Além disso,
nossos filhos ficarão irritados, ansiosos ou tristes diante das nossas
teimosias e, provavelmente, repetirão o mesmo padrão de comportamento
com as futuras gerações.
Não desperdicemos tempo e oportunidade; vamos interagir e compartilhar o que temos, seja a experiência ou a vivacidade, para seguirmos renovados e com alguma serenidade, pois as épocas e os costumes são diferentes, mas o percurso é o mesmo.
http://jeronimoveras.blogspot.com.br/
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