sexta-feira, 31 de maio de 2013

EM NOME DO ALZHEIMER : AVÓS, PAIS E FILHOS

“Hoje eu me pergunto: quem haverá que consiga traçar com precisão os rumos da própria vida de tal forma que possa prever e evitar os percalços do caminho? Quem de nós saberá responder sem sombra de dúvida o que nos reserva o futuro ou até mesmo o que acontecerá na próxima fração de segundo? Respondo com convicção: a vida é a grande mestra enquanto nós, eternos aprendizes, vamos aprendendo a seguir seu curso pela estrada da existência. Será então que o Alzheimer não pode ser visto como uma lição de amor a ser aprendida?

Desde o ventre materno, o laço afetivo que nos acompanha pela vida afora é sedimentado no seio da família e, por mais conflituoso que ele seja, é a partir daí que aprendemos a exercitar nossa capacidade de amar. Durante a nossa jornada amamos, desamamos, guardamos mágoas, colecionamos frustrações, culpamos o outro pelo nosso fracasso, vibramos com nossas alegrias, enfim, quando nos damos conta o tempo passou e de tudo que ficou pra trás, boas ou más, só nos restam lembranças.

Toda essa bagagem que carregamos na memória é a referência de quem somos e de como chegamos até este momento de agora. Avaliando-a, podemos ter uma perspectiva de tudo que fizemos ou deixamos de fazer e já que não podemos apagar ou remendar o que nos desgostou no passado, urge reconhecer o surgimento de uma nova oportunidade para recomeçar a partir de novas atitudes e posturas diante da nossa própria vida.

Quando em nome do Alzheimer, toda essa memória vai se esvaziando, o indivíduo vai perdendo todo o seu referencial de vida. Dentre as brumas do tempo, a espessa nuvem do esquecimento envolve avós, pais e filhos que, desnorteados, vagam entre confusos sentimentos de medo, dor e solidão. A única forma de suavizar o sofrimento é resgatar a união do grupo familiar para acolher com paciência e amorosidade aquele ente querido que, mergulhando nos vazios do tempo, faz parte da nossa história, dessa memória que compõe o nosso próprio referencial de vida”. (Gracinha Medeiros).
http://www.cuidardeidosos.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário