“Hoje eu me pergunto: quem haverá
que consiga traçar com precisão os rumos da própria vida de tal forma que possa
prever e evitar os percalços do caminho? Quem de nós saberá responder sem
sombra de dúvida o que nos reserva o futuro ou até mesmo o que acontecerá na
próxima fração de segundo? Respondo com convicção: a vida é
a grande mestra enquanto nós, eternos aprendizes, vamos aprendendo a seguir seu
curso pela estrada da existência. Será então que o Alzheimer não pode ser visto
como uma lição de amor a ser aprendida?
Desde o ventre materno, o laço
afetivo que nos acompanha pela vida afora é sedimentado no seio da família e,
por mais conflituoso que ele seja, é a partir daí que aprendemos a exercitar
nossa capacidade de amar. Durante a nossa jornada amamos, desamamos, guardamos
mágoas, colecionamos frustrações, culpamos o outro pelo nosso fracasso,
vibramos com nossas alegrias, enfim, quando nos damos conta o tempo passou e de
tudo que ficou pra trás, boas ou más, só nos restam lembranças.
Toda essa bagagem que carregamos
na memória é a referência de quem somos e de como chegamos até este momento de
agora. Avaliando-a, podemos ter uma perspectiva de tudo que fizemos ou deixamos
de fazer e já que não podemos apagar ou remendar o que nos desgostou no passado,
urge reconhecer o surgimento de uma nova oportunidade para recomeçar a partir
de novas atitudes e posturas diante da nossa própria vida.
Quando em nome do Alzheimer, toda
essa memória vai se esvaziando, o indivíduo vai perdendo todo o seu referencial
de vida. Dentre as brumas do tempo, a espessa nuvem do esquecimento envolve
avós, pais e filhos que, desnorteados, vagam entre confusos sentimentos de
medo, dor e solidão. A única forma de suavizar o sofrimento é resgatar a união
do grupo familiar para acolher com paciência e amorosidade aquele ente querido
que, mergulhando nos vazios do tempo, faz parte da nossa história, dessa
memória que compõe o nosso próprio referencial de vida”. (Gracinha Medeiros).
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