Uma simples visita ou telefonema
de membros da família pode ter uma influência positiva sobre a felicidade de um
paciente, embora ele possa esquecer rapidamente a visita ou a ligação. Eles podem esquecer rapidamente... Mas uma
visita a um parente idoso com Alzheimer vai deixá-lo com um sentimento
permanente de felicidade. Esta é a descoberta de um estudo realizado por Justin
Feinstein, da Universidade de Iowa, publicado na Proceedings Of The National
Academy Of Sciences , que pode ter implicações importantes para pessoas com a
doença de Alzheimer e seus familiares.
Segundo o autor do estudo, muitas
vezes, os membros da família se perguntam se vale a pena fazer uma visita ou um
telefonema para um parente mais velho com demência, pois o teor da conversa é
esquecido rapidamente. O que Feinstein descobriu é que a lembrança da visita é
apagada da mente, mas os sentimentos “bons e quentes” provocados pela visita
fazem o doente sentir que vale a pena viver. Para chegar a tal conclusão,
Feinstein e sua equipe estudaram as reações de cinco pacientes neurológicos com
danos no hipocampo, uma parte do cérebro crítica para a transferência de
memórias de curto prazo para longo prazo. Danos no hipocampo provocam um tipo
de amnésia que é frequentemente um sinal inicial de Alzheimer e podem ser
resultado também de um acidente vascular cerebral ou de epilepsia.
Os pacientes pesquisados foram
expostos a clipes de 20 minutos de filmes, intensamente emocionais: alguns
felizes, outros tristes. Ao assistirem às cenas, os pacientes demonstraram
emoções apropriadas e condizentes com o que estavam vendo, assim, ora havia
risos, ora lágrimas.
Embora os doentes logo tivessem
esquecido o que tinham visto, as perguntas sobre seus sentimentos revelaram que
as emoções provocadas pelos clipes ficaram retidas por muito mais tempo. Segundo Justin Feinstein, muitas
vezes, a negligência afetiva do cuidador do idoso e dos familiares pode deixar
o paciente triste, frustrado e solitário, mesmo que ele não se lembre exatamente
o porquê.
“A pesquisa é uma prova clara de
que as razões para tratar os pacientes com Alzheimer com respeito e dignidade
vão além da simples moral humana", diz a médica Vanessa Morais, diretora
da VRMedCare, empresa especializada em cuidados domiciliares na terceira idade.
Pesquisas anteriores já haviam
mostrado que as interações sociais regulares reduzem o risco de desenvolvimento
de demência. “Esta nova pesquisa sugere que é preciso começar a definir um novo
padrão de cuidados para pacientes com distúrbios de memória. O estudo confirma
uma observação da nossa prática clínica: indíviduos com demência que vivem em
ambientes tranquilos tendem a ter comportamentos menos inadequados e agressivos
", defende a médica.
Lidando com o diagnóstico de
Alzheimer
Quando o idoso é diagnosticado
com a doença de Alzheimer, a notícia pode ser assustadora não só para o indivíduo,
mas também para os seus familiares, principalmente para os que geralmente
cuidam deste idoso.
“É normal que tanto o idoso como
seus familiares passem por uma diversidade de emoções e sentimentos tais como
medo, frustração, negação, constrangimento, culpa, tristeza e raiva”, explica a
médica Renata Diniz, que também dirige a VRMedCare empresa especializada em
cuidados domiciliares na terceira idade.
É normal que os familiares se
preocupem não só com as alterações já existentes no idoso, mas que também
fiquem ansiosos quanto ao futuro. “Assim, quando uma pessoa é diagnosticada com
a doença de Alzheimer é importante que tanto esta pessoa, como os seus
familiares aprendam mais sobre a doença”, recomenda Renata Diniz.
Segundo a médica, é preciso que todos
os familiares e os que cuidam do idoso saibam:
• Como a doença afeta o doente?;
• Que alterações esperar no
comportamento do doente, ao longo do tempo?;
• O que podem fazer os familiares
e cuidadores para auxiliar a manter a qualidade de vida e a independência do
doente?
Manutenção dos laços afetivos
Renata Diniz, reforça que,
embora, muitas vezes, os doentes com Alzheimer não reconheçam quem os visita, o
contato humano é muito importante para eles.
“No entanto, como em qualquer
tipo de demência, os doentes com Alzheimer apresentam alterações
comportamentais, principalmente na interação com outras pessoas. Portanto, é
muito importante se preparar bem para visitar o familiar ou o amigo com
Alzheimer, buscando saber mais sobre a doença e informando-se sobre que
atitudes tomar durante a visita”, aconselha a médica.
A seguir, a médica enumera
algumas dicas úteis na preparação de uma visita ao doente com Alzheimer:
· Um aspecto importante é
informar-se junto aos familiares e/ou cuidadores qual o melhor momento do dia
para fazer a visita;
· O modo como você fala com o
doente com Alzheimer e a linguagem corporal também são essenciais. Durante a
visita, você deve manter-se calmo, evitando elevar o tom de voz, falando
lentamente e de forma clara. Se o doente aparentar não compreender bem o que
você diz, ao invés de repetir, diga o mesmo, mas com palavras diferentes e
frases mais curtas;
· Evite fazer perguntas ou então
faça as que podem ser respondidas com "sim" ou "não". Se o
doente ficar frustrado por não conseguir responder, não insista;
· Fale normalmente com o doente e
nunca como se ele fosse uma criança. Estabeleça contato visual com o doente e
chame-o pelo nome, quando quiser chamar a sua atenção;
· É essencial respeitar o espaço
do doente, evitando chegar muito perto deste;
· Se durante a visita, o doente
parecer não o reconhecer, relembre-o quem você é, e, acima de tudo, nunca
considere pessoal o fato do doente não o reconhecer, ser indelicado e até mesmo
responder com raiva;
· Não discuta com o doente caso
ele se mostre muito confuso. Em vez disso, tente distraí-lo, conduzindo a
conversa para outros temas;
· Tente não usar frases como
"Você se lembra de...". Ao invés disso, leve consigo objetos – como,
por exemplo, fotografias - que possam suscitar memórias no doente e sobre os
quais vocês possam falar;
· Não se preocupe se a conversa
com o doente não fizer muito sentido, nem corresponder à verdade;
· Se o doente começar a ficar
muito agitado, despeça-se e termine a visita. Por vezes, estes doentes não
toleram mais do que 15 a 20 minutos de visita.
http://www.wscom.com.br/noticia/
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