quarta-feira, 29 de maio de 2013

PACIENTES COM ALZHEIMER SE BENEFICIAM MUITO COM UMA VISITA DOS FAMILIARES


Uma simples visita ou telefonema de membros da família pode ter uma influência positiva sobre a felicidade de um paciente, embora ele possa esquecer rapidamente a visita ou a ligação.  Eles podem esquecer rapidamente... Mas uma visita a um parente idoso com Alzheimer vai deixá-lo com um sentimento permanente de felicidade. Esta é a descoberta de um estudo realizado por Justin Feinstein, da Universidade de Iowa, publicado na Proceedings Of The National Academy Of Sciences , que pode ter implicações importantes para pessoas com a doença de Alzheimer e seus familiares.

Segundo o autor do estudo, muitas vezes, os membros da família se perguntam se vale a pena fazer uma visita ou um telefonema para um parente mais velho com demência, pois o teor da conversa é esquecido rapidamente. O que Feinstein descobriu é que a lembrança da visita é apagada da mente, mas os sentimentos “bons e quentes” provocados pela visita fazem o doente sentir que vale a pena viver. Para chegar a tal conclusão, Feinstein e sua equipe estudaram as reações de cinco pacientes neurológicos com danos no hipocampo, uma parte do cérebro crítica para a transferência de memórias de curto prazo para longo prazo. Danos no hipocampo provocam um tipo de amnésia que é frequentemente um sinal inicial de Alzheimer e podem ser resultado também de um acidente vascular cerebral ou de epilepsia.

Os pacientes pesquisados foram expostos a clipes de 20 minutos de filmes, intensamente emocionais: alguns felizes, outros tristes. Ao assistirem às cenas, os pacientes demonstraram emoções apropriadas e condizentes com o que estavam vendo, assim, ora havia risos, ora lágrimas.

Embora os doentes logo tivessem esquecido o que tinham visto, as perguntas sobre seus sentimentos revelaram que as emoções provocadas pelos clipes ficaram retidas por muito mais tempo. Segundo Justin Feinstein, muitas vezes, a negligência afetiva do cuidador do idoso e dos familiares pode deixar o paciente triste, frustrado e solitário, mesmo que ele não se lembre exatamente o porquê.

“A pesquisa é uma prova clara de que as razões para tratar os pacientes com Alzheimer com respeito e dignidade vão além da simples moral humana", diz a médica Vanessa Morais, diretora da VRMedCare, empresa especializada em cuidados domiciliares na terceira idade.

Pesquisas anteriores já haviam mostrado que as interações sociais regulares reduzem o risco de desenvolvimento de demência. “Esta nova pesquisa sugere que é preciso começar a definir um novo padrão de cuidados para pacientes com distúrbios de memória. O estudo confirma uma observação da nossa prática clínica: indíviduos com demência que vivem em ambientes tranquilos tendem a ter comportamentos menos inadequados e agressivos ", defende a médica.

Lidando com o diagnóstico de Alzheimer
Quando o idoso é diagnosticado com a doença de Alzheimer, a notícia pode ser assustadora não só para o indivíduo, mas também para os seus familiares, principalmente para os que geralmente cuidam deste idoso.

“É normal que tanto o idoso como seus familiares passem por uma diversidade de emoções e sentimentos tais como medo, frustração, negação, constrangimento, culpa, tristeza e raiva”, explica a médica Renata Diniz, que também dirige a VRMedCare empresa especializada em cuidados domiciliares na terceira idade.

É normal que os familiares se preocupem não só com as alterações já existentes no idoso, mas que também fiquem ansiosos quanto ao futuro. “Assim, quando uma pessoa é diagnosticada com a doença de Alzheimer é importante que tanto esta pessoa, como os seus familiares aprendam mais sobre a doença”, recomenda Renata Diniz.

Segundo a médica, é preciso que todos os familiares e os que cuidam do idoso saibam:
• Como a doença afeta o doente?;
• Que alterações esperar no comportamento do doente, ao longo do tempo?;
• O que podem fazer os familiares e cuidadores para auxiliar a manter a qualidade de vida e a independência do doente?

Manutenção dos laços afetivos
Renata Diniz, reforça que, embora, muitas vezes, os doentes com Alzheimer não reconheçam quem os visita, o contato humano é muito importante para eles.

“No entanto, como em qualquer tipo de demência, os doentes com Alzheimer apresentam alterações comportamentais, principalmente na interação com outras pessoas. Portanto, é muito importante se preparar bem para visitar o familiar ou o amigo com Alzheimer, buscando saber mais sobre a doença e informando-se sobre que atitudes tomar durante a visita”, aconselha a médica.

A seguir, a médica enumera algumas dicas úteis na preparação de uma visita ao doente com Alzheimer:
· Um aspecto importante é informar-se junto aos familiares e/ou cuidadores qual o melhor momento do dia para fazer a visita;
· O modo como você fala com o doente com Alzheimer e a linguagem corporal também são essenciais. Durante a visita, você deve manter-se calmo, evitando elevar o tom de voz, falando lentamente e de forma clara. Se o doente aparentar não compreender bem o que você diz, ao invés de repetir, diga o mesmo, mas com palavras diferentes e frases mais curtas;
· Evite fazer perguntas ou então faça as que podem ser respondidas com "sim" ou "não". Se o doente ficar frustrado por não conseguir responder, não insista;
· Fale normalmente com o doente e nunca como se ele fosse uma criança. Estabeleça contato visual com o doente e chame-o pelo nome, quando quiser chamar a sua atenção;
· É essencial respeitar o espaço do doente, evitando chegar muito perto deste;
· Se durante a visita, o doente parecer não o reconhecer, relembre-o quem você é, e, acima de tudo, nunca considere pessoal o fato do doente não o reconhecer, ser indelicado e até mesmo responder com raiva;
· Não discuta com o doente caso ele se mostre muito confuso. Em vez disso, tente distraí-lo, conduzindo a conversa para outros temas;
· Tente não usar frases como "Você se lembra de...". Ao invés disso, leve consigo objetos – como, por exemplo, fotografias - que possam suscitar memórias no doente e sobre os quais vocês possam falar;
· Não se preocupe se a conversa com o doente não fizer muito sentido, nem corresponder à verdade;
· Se o doente começar a ficar muito agitado, despeça-se e termine a visita. Por vezes, estes doentes não toleram mais do que 15 a 20 minutos de visita.
http://www.wscom.com.br/noticia/

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