Ir ao cabeleireiro, para mim, se tornou um evento muito agradável, não
tanto por cobrir os fios brancos, que me ajudam a parecer mais jovem ou
fazer as unhas, receber uma deliciosa massagem nos pés e na cabeça,
folhear revistas de futilidades ou levar e ler um livro fora do horário
habitual, mas principalmente pelo prazer que sinto em cuidar-me,
considerando também que são duas ou três horas dedicadas exclusivamente
para mim.
Na visita de hoje ao salão, levei uma cópia de um artigo que me fez
pensar sobre vocês leitores do blog. O artigo, escrito por Martha Beck, é
intitulado, originalmente "How to Love More by Caring Less" ou "Como
Amar mais Preocupando-se Menos".
No artigo, Martha Beck descreve o conceito de que amar sem se preocupar é
uma abordagem útil. Fiquei intrigada com esta ideia e quis saber se
poderia ser traduzidode alguma maneira para a turbulenta maneira de amar
e cuidar de uma pessoa idosa. Sei, porém, que é o "cuidar" sem se
preocupar, provavelmente, parece ilógico para muitos de nós.
Como cuidadores, muitos de vocês provavelmente diriam que para cuidar de
alguém significa se preocupar em preparar as refeições, ajudar com a
alimentação,limpeza e higiene pessoal, gerenciar medicamentos,
consultas, administrar doenças e assim por diante. Mas Beck diria que o
atendimento também pode significar de má qualidade para quem apenas se
preocupa.
Na minha experiência, cuidadores de idosos muitas vezes são investidos
fisicamente e emotivamente na preocupação com as tarefas do dia adia e
os comportamentos desafiantes que o seu ente queridos com a avançada
idade pode se expor. Os comportamentos comuns em uma pessoa idosa com
demência ou Alzheimer, por exemplo, podem incluir agitação, apatia,
desilusões,paranóia, problemas de insônia, apenas para denominar alguns.
E os cuidadores preocupam-se porque o ente querido é confuso, agitado
ou incapaz de dormir.
Para cuidadores quando eles se preocupam, as emoções como a frustração,
culpa e agitação são muitas vezes um resultado mal resolvido dessa
preocupação — e acredito, que é quando o amor incondicional pode ser
enterrado. Beck escreve, "Diferentemente 'da preocupação', a palavra
amor não tem nenhuma variedade de significado: o Amor é a aceitação
pura." Deste modo, para amar, talvez realmente tenhamos que
preocupar-nos menos.
Quando li o artigo, meditei se os cuidadores de Alzheimer podem
encontrar um modo "de não preocupar-se" com comportamentos desafiadores à
que é exposto o seu ente querido e preocupar-se menos com o dia a dia
dessa prestação de cuidados.
Não estou dizendo que os cuidadores devam ser complacentes em suas
responsabilidades, estou dizendo somente que preocupando-se menos,
podemos limitar o gasto em energia emocional obtendo assim um melhor
resultado nas tarefas do cuidar, e depois convenhamos, amar é muito mais
agradável do que preocupar-se.
Se aceitarmos a ideia de que é possível amar mais se nos preocuparmos
menos, então creio que podemos deixar de nos preocupar e respirar com
algum alívio. E se você não comprar logo essa ideia, vou sugerir que
marque um horário no cabeleireiro faça, seu cabelo, seu pé, sua mão
sentada em uma cadeira confortável, lendo um livro, ou uma revista de
futilidades — não há dúvida, que é um modo simples de amar-se mais. (Silvia Masc).
http://longevidade-silvia.blogspot.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário