O
diagnóstico é o ponto de partida para os primeiros cuidados. Ser
cuidador de um doente de Alzheimer implica esforço, perseverança,
dedicação extrema, para que a pessoa viva com dignidade. A tarefa não é
fácil. O desafio é imenso. Estarão os familiares preparados?
Ninguém está preparado para receber a notícia de que um familiar sofre de doença de Alzheimer. A pensar nos familiares que têm de reaprender a viver e de ganhar formas estratégicas para lidar com esta patologia que se pode tornar incapacitante, a Associação Alzheimer Portugal organiza workshops com regularidade. O objectivo é responder a questões frequentes e saber quais os apoios sociais existentes para o acompanhamento da pessoa com demência.
Os exercícios são práticos. O desafio é recompensador. Os formandos têm
a possibilidade de abordar diversas questões que surgem desde o início
da doença até aos novos cuidados que passaram a fazer parte da sua vida
diária. No final, pretende-se que adquiram capacidades para lidar com as
dificuldades da doença e prestar os cuidados essenciais para o
bem-estar e a melhor qualidade de vida dos seus familiares.
"Muitas vezes, os cuidadores informais não sabem como lidar com a
doença de Alzheimer. É importante percebermos a fase da patologia em que
o familiar está, e termos sempre em conta a sua história de vida. É
fundamental promover a dignidade/qualidade de vida da pessoa com
demência", indica Marisa Mendes, responsável pelo workshop intitulado
"Alzheimer, Um Desafio Pessoal: Respostas Sociais Dirigidas à Pessoa com
Demência e Seus Cuidadores".
Por onde começar?
Quando o cuidador informal recebe a notícia de que um familiar sofre
de Alzheimer, encontra-se perdido porque não tem conhecimento dos apoios
que existem. Muitos dos cuidadores nem sequer sabem da existência da
Associação. Que respostas dar? Como as obter? Como enfrentar a doença e
cuidar dos familiares? Marisa Mendes tentará responder a estas e a
outras questões e dará algumas dicas importantes para que os cuidadores
informais desempenhem este papel principal com coragem, determinação e
conhecimento. "Os cuidadores que participam nestes workshops podem até
não necessitar daquela informação no momento - numa fase inicial, por
exemplo -, mas podem querer saber como cuidar da pessoa com demência a
longo prazo porque se sentem perdidos. Há que tentar fornecer as
respostas a curto, médio e longo prazo que são específicas para cada fase", indica a assistente social da Alzheimer Portugal.
Apoios sociais
Uma pessoa com demência necessita de ter este acompanhamento regular. "O utente deve ser visto por um médico especialista, que lhe prescreverá determinada medicação
adequada à fase da patologia em que se encontra. No entanto, a
intervenção não farmacológica também é fundamental porque as actividades
direccionadas para a pessoa com demência são muito benéficas, sobretudo
para estimular e evitar a progressão da patologia", aconselha Marisa
Mendes.
Os cuidadores informais podem ainda contar com Centros de Dia e com o
Serviço de Apoio Domiciliário, os quais, dependendo das instituições,
se responsabilizam pelo fornecimento das refeições, pela higiene
pessoal e pelo apoio na medicação que o utente tem de tomar. "A
Alzheimer Portugal tem uma bolsa de auxiliares, a quem damos formação
específica e que já possuem experiência nesta área. O familiar pode
trabalhar e contratar um auxiliar
para alguns momentos do dia, desempenhando funções muito específicas
relacionadas com o dia-a-dia e o acompanhamento da própria pessoa com
demência", acrescenta a assistente social.
Os familiares que optarem por colocar a pessoa com demência num lar
deverão ter em conta que é necessário estarem atentos a algumas
características específicas que uma instituição deverá ter. Há que
procurar bem e não descurar nenhum aspecto.
(Cláudia Pinto)
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