As primeiras e mais ancestrais cuidadoras são nossas mães e
avós que desde o início da humanidade cuidaram de sua prole. Caso
contrário, não estaríamos aqui escrevendo sobre o cuidado. E lembremos
as mães-crecheiras com todo o seu zelo. Partimos do fato de que o ser humano é, por sua natureza e essência,
um ser de cuidado. Sente a predisposição de cuidar e a necessidade de
ser ele também cuidado. Cuidar e ser cuidado são existenciais
(estruturas permanentes) e indissociáveis.
É notório que o cuidar é muito exigente e pode levar o cuidador ao
estresse. Especialmente se o cuidado constitui, como deve ser, não um
ato esporádico mas uma atitude permanente e consciente. Somos limitados,
sujeitos ao cansaço e à vivência de pequenos fracasos e decepções.
Sentimo-nos sós. Precisamos ser cuidados, caso contrário, nossa vontade
de cuidar se enfraquece. Que fazer então?
Logicamente, cada pessoa precisa enfrentar com sentido de resiliência
(saber dar a volta por cima) esta situação dolorosa. Mas esse esforço
não substitui o desejo de ser cuidado. É então que a comunidade do
cuidado, os demais operadores de saúde, médicos e o corpo de enfermagem
devem entrar em ação.
O enfermeiro ou a enfermeira, o médico e a médica sentem necessidade
de serem também cuidados. Precisam se sentir acolhidos e revitalizados,
exatamente, como as mães fazem com seus filhos e filhas. Outras vezes
sentem necessidade do cuidado como suporte, sustentação e proteção,
coisa que o pai proporciona a seus filhos e filhas.
Cria-se então o que o renomado pediatra R. Winnicott chamava de
“holding”, quer dizer, aquele conjunto de cuidados e fatores de animação
que reforçam o estímulo para continuarem no cuidado para com
pacientes. Quando este espírito de cuidado reina, surgem relações horizontais de
confiança e de mútua cooperação, se superam os constrangimentos,
nascidos da necessidade de ser cuidado..
Feliz é o hospital e mais felizes são ainda aqueles pacientes que
podem contar com um grupo de cuidadores. Já não haverá “prescrevedores”
de receitas e aplicadores de fórmulas mas “cuidadores” de vidas enfermas
que buscam saúde.
A boa energia que se irradia do cuidado corrobora na cura.
http://leonardoboff.wordpress.com/
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