quinta-feira, 16 de maio de 2013

VAMOS ENVELHECER ...



Tudo tem seu tempo certo, e há uma etapa na vida em que é permitido o quesito 'exibir'. É o período em que a mulher está com tudo em cima, bela e escultural. Após alguns anos, a beldade descobre uma celulite - discretinha - só pra encher o saco, pra lembrar à moça que beleza tem vida curta. E de nada adiantará ficar se torrando ao sol, na esperança de camuflar esta praga; elas serão companheiras fiéis, na dor e na alegria... Mas com muita celulite ou pouca celulite a vida continuará com suas exigências, cobrando posturas, aplicando um apagão nas frescuras e nos preparando para enfrentar a realidade.

Mulheres são seres especiais: fortes nas dores, fortes nas perdas, ótimas profissionais... Mas ainda são fracas na percepção; não notam quando a coisa desmorona; não notam quando o mais, deve ser menos.

Muito fri-fri em mulher madura, envelhece. Muitas se apegam ao último galho – que cederá ao primeiro balanço. Um fato horroroso, unzinho só, chamou minha atenção: o concurso  Miss da Terceira Idade . Achei divino! O inventor de tal tragédia deveria levar um prêmio pela originalidade. Instigar a mulherada - neste período da vida - a passar pelo desconforto da comparação é terrível. É duro. E olhem, tem muita mulher que se presta, que segue a onda... Sei lá, parece que bate uma coisa e ninguém enxerga mais nada. Mas não quero dizer, com isso, que mulheres de 70 anos não sejam bonitas: existem muitas. É um outro tipo de beleza.

Aos sessenta e cinco anos somos todos condecorados com o nobre título de A Melhor Idade. Pergunto: por quê? Por que esse consolo? Mas o rótulo grudou como chiclete. Terceira Idade já não está bom? Desde quando alguém com artrite, artrose, esclerose, catarata e o escambau, sentiria estar em sua melhor idade? E os 20, 30, 40... Onde ficam? Seriam a pior idade?

Aceitar o envelhecimento sem subterfúgios é digno e saudável para nosso emocional. Não gostaria, quando chegar na minha terceira idade, ouvir de alguém que estou maravilhosa, pronta para desfilar com uma faixa lusco-fusco de Miss não sei de quê! Estarei eu, com uma baita catarata e transformada em perua desatinada?

Decididamente me sentirei ótima, contestando, aplaudindo, vivendo, produzindo, pintando e escrevendo, mas ciente da minha idade. Não quero ilusão em minha vida. Penso que somos adaptáveis a muitas situações, portanto, não vejo o menor sentido em rotular etapas da vida madura tentando disfarçar o indisfarçável.

Do espelho, deste amigo que ontem me deu a certeza da juventude, espero que me mostre um crepúsculo bonito, que me ensine a aceitar as marcas da vida, sem nenhuma vergonha e sem traumas; que me conscientize e me mostre que a vida é uma eterna mutação. E espero não me expor ao ridículo acreditando estar na minha melhor idade. Estarei feliz só pelo fato de estar viva e com saúde.
(Taís Luso de carvalho)
http://taisluso.blogspot.com.br/

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