segunda-feira, 13 de maio de 2013

ALZHEIMER DIAGNÓSTICO E CONFLITOS EMERGENTES

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Acompanhando o crescimento demográfico e a expectativa média de vida (Ramos, 2002) há um aumento de doenças que acometem a população idosa, entre elas as degenerativas, como a Doença de Alzheimer. O cuidado dos portadores desta enfermidade, geralmente, recai sobre a família, provocando alterações nos relacionamentos interpessoais.
Os cuidadores de pacientes com DA (Doença de Alzheimer) enfrentam um processo dinâmico e invasivo, altamente individual, necessitando continuamente elaborar as perdas que a dedicação ao doente impõe em sua vida pessoal (Tavares et al., 2005. p. 551). Assim, o grupo familiar, para o velho, desempenha inúmeros papéis, atravessando várias fases, sendo que algumas se caracterizam por conflitos que surgem nas relações com o seu idoso. Às vezes, pode ocorrer frustração na expectativa do apoio dado pelos familiares.

Entre as demências, a Doença de Alzheimer é a mais prevalente e uma das mais aterradoras (Lage, Martinez e Khachaturian, 2001). Surgem problemas de memória. Sem memória, o presente é sem sentido. O passado construído ora com dificuldades, ora com alegrias, se torna estranho e desconhecido, mesmo quando gravado em fotografias. Então, o doente de Alzheimer se torna prisioneiro dos medos de um mundo antes desbravado e construído. Mesmo com os avanços tecnológicos da medicina, que auxiliam no aumento da expectativa de vida, e das descobertas genéticas, ainda não se tem tratamento eficaz para a enfermidade. Lentamente, a doença, cuja principal característica é ser progressivamente degenerativa, avança (Lage, Martinez e Khachaturian, 2001). Frente a este quadro, os familiares do paciente com Alzheimer começam a conviver com uma nova situação que implica em sobrecarga, ansiedade e tristeza. 
A sociedade atual ainda não está preparada para oferecer recursos suficientes para atender o portador de Doença de Alzheimer, nem seus cuidadores. Emerge, assim, a necessidade de profissionais especializados se dedicarem a compreender a doença e suas vicissitudes. Inicia-se a busca de estratégias de modificação ambiental, de aconselhamento e apoio aos cuidadores, especialização de profissionais e serviços, de implantação de políticas de saúde e planejamento social que proporcionem bem-estar e qualidade de vida ao idoso doente, sua família e suas relações interpessoais.

Segundo Ribes (1988), o enfrentamento da mudança de comportamento e evolução da doença de Alzheimer faz com que as relações interpessoais familiares passem por várias fases: a) se caracteriza pela falta de memória do idoso e é vivenciada por ele com ansiedade e sofrimento. A família, de um modo geral, reage com irritabilidade e incompreensão, b) o segundo momento se caracteriza por um processo depressivo, e o meio familiar responde superprotegendo o idoso, tirando-lhe a possibilidade de controlar o seu meio, c) a terceira fase se caracteriza por despersonalização, pois o idoso desconhece a si mesmo e aos outros. Neste momento o idoso passa a ser um estranho para a família. Enquanto o idoso perde seu lugar como membro da família, esta, por sua vez, começa a cristalizar o seu sofrimento (Krassoievitch, 1988). Deste ponto em diante, cada membro da família se sente ameaçado no seu espaço e privacidade. Sente o idoso como uma sobrecarga que absorve toda sua energia. Dependendo da gravidade com que se apresenta a doença e o tempo de evolução, a família reage com sentimentos depressivos. Neste momento há uma descaracterização das diferenças intergeracionais (Ramos, 2002).

De um modo geral, as tensões prévias existentes dentro da família são exacerbadas pela enfermidade e afetam todo o grupo (Machado, 2002). Com a pressão causada pela doença, nas relações familiares, os conflitos são reeditados e desencadeiam o momento da crise familiar, com a desestruturação da família. Ameaçado, o grupo familiar busca alternativas para se reestruturar e manter as relações estabilizadas como no período anterior do surgimento da doença no idoso. Com a consolidação do novo rearranjo dos papéis na família, com os conflitos melhor elaborados, a família tem condições de buscar novos recursos, inclusive a tomada de decisão sobre a institucionalização faz-se com atenuação dos conflitos interpessoais.

O papel de cada membro da família tem contra partida no papel ou papéis de um ou mais dos membros restantes (por exemplo: esposo-esposa, pais-filhos, etc.). Quando a complementação entre um papel e sua contraparte é adequada ou quando existe sintonia entre o papel designado e os sentimentos subjetivos, em geral as relações interpessoais tornam-se mais amorosas. Contudo, podem surgir sentimentos de culpa, quando os membros da família acreditam que não lidaram adequadamente com a situação (Stuart- Hamilton, 2002), como pode, também, haver uma crise por parte dos filhos quando percebem que seus pais estão envelhecendo e que começam a ficar dependentes deles (Eizirik et al., 1993; Krassoievitch,1988), sentindo a dificuldade em assumir o papel de cuidador/a.

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