sexta-feira, 10 de maio de 2013

O ESTIGMA NA DOENÇA DE ALZHEIMER: UM OLHAR SOBRE OS ESQUECIDOS


















Uma visão intrínseca  um olhar nada obvio, um olhar presente, mais humano, visto do interior das necessidades deste grupo de pacientes. Destes esquecidos , não somente pela sua perda de memória, mas também esquecidos pela sociedade e pelos seus entes queridos. Esquecidos de si mesmos, esquecidos pelos outros, relegados ao segundo plano.Esquecidos tanto quanto sua próprias memórias.

O estigma em relação aos pacientes com síndromes demenciais esta estritamente ligado a confirmação de seu diagnostico. Ate o momento do diagnostico, normalmente o paciente apresenta apenas a perda de memória, alterações de comportamento, agitação psicomotora  Mas ainda não era rotulado como o portador da Doença de Alzheimer. O processo de estigmatização do paciente se inicia quando da revelação de seu diagnostico sem o devido preparo da família e responsáveis. A ausência de orientação a família e aos responsáveis funciona como um gatilho de um processo segregador do paciente demenciado. As duvidas, incertezas e a insegurança dos familiares são como tijolos de uma barreira que eleva-se em torno do paciente. Um visão construída culturalmente que é lugar comum entre as pessoas sem o conhecimento cientifico especifico se manifesta logo nos primeiros contatos de vizinhos e familiares distantes com a noticia do diagnostico.

A lacuna de  desinformação  é causada pela ausência de orientação e de presença mesmo do medico Geriatra, neurologista ou Psiquiatra que fez o diagnostico. Nesta lacuna é que se prolifera o estigma. O estigma se instala perante a certeza do diagnostico e a incerteza sobre a doença. A ausência do medico responsável ou do profissional de saúde neste momento para orientar, consolar, conscientizar e sensibilizar a família e responsáveis provoca o vácuo onde nasce o processo segregador e estigmatizante. Prover o diagnostico é importante,mas não é o suficiente. Ha de haver uma interação entre a equipe multidisciplinar e os familiares e cuidadores para que exista a segurança e a confiança no processo de tratamento e reabilitação destes pacientes. De acordo com o modelo construído culturalmente, não existe possibilidade de reabilitação e de um convívio social entre os portadores de demência e a sociedade como um todo.

Como se manifesta o estigma? O olhar excludente, o medo e ao asco.Um olhar de uma compaixão sem atitude, uma compaixão a distancia.O comodismo de não ser conosco, de não ser um problema nosso.A atribuição de um rotulo a estes pacientes, pois as pessoas gostam de rotular os outros.Em Microfísica do Poder, Foucault diferencia em dois os modelos de reação social a doenças: na lepra, o modelo excludente, que expulsava os portadores de Hanseniase do convívio social, a fim de proteger os outros habitantes; o modelo da peste, onde não havia a exclusão social, mas sim a reclusão a aposentos, a casas, para o controle da epidemia e o controle da transmissão.Na Doença de Alzheimer, vemos os dois modelos em ação: o excludente que retira o portador da doença de um convívio social, por um alivio de seus cuidadores e da própria população e o de reclusão, onde “escondemos” nossos idosos doentes para um controle total de suas vidas. Isto talvez  seja originado da visão de que os portadores da Doença de Alzheimer seriam totalmente inadaptáveis a um convívio social.

Dois são os principais motivos para a exclusão dos pacientes: total falta de condições físicas e financeiras para a manutenção dos idosos demenciados num convívio social ativo e o outro motivo seria a necessidade desta família de não ser taxada como uma família de um doente de Alzheimer. Neste momento, nestas lacunas, aparece o estigma.
http://geriatriaemcasa.com.br/

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