Uma visão intrínseca um olhar nada obvio, um olhar presente,
mais humano, visto do interior das necessidades deste grupo de pacientes.
Destes esquecidos , não somente pela sua perda de memória, mas também
esquecidos pela sociedade e pelos seus entes queridos. Esquecidos de si mesmos,
esquecidos pelos outros, relegados ao segundo plano.Esquecidos tanto quanto sua
próprias memórias.
O estigma em relação aos pacientes com síndromes demenciais
esta estritamente ligado a confirmação de seu diagnostico. Ate o momento do
diagnostico, normalmente o paciente apresenta apenas a perda de memória,
alterações de comportamento, agitação psicomotora Mas ainda não era rotulado
como o portador da Doença de Alzheimer. O processo de estigmatização do
paciente se inicia quando da revelação de seu diagnostico sem o devido preparo
da família e responsáveis. A ausência de orientação a família e aos
responsáveis funciona como um gatilho de um processo segregador do paciente demenciado. As duvidas, incertezas e a insegurança dos familiares são como
tijolos de uma barreira que eleva-se em torno do paciente. Um visão construída
culturalmente que é lugar comum entre as pessoas sem o conhecimento cientifico
especifico se manifesta logo nos primeiros contatos de vizinhos e familiares distantes
com a noticia do diagnostico.
A lacuna de desinformação é causada pela ausência de orientação e de
presença mesmo do medico Geriatra, neurologista ou Psiquiatra que fez o diagnostico.
Nesta lacuna é que se prolifera o estigma. O estigma se instala perante a certeza do diagnostico e a
incerteza sobre a doença. A ausência do medico responsável ou do profissional
de saúde neste momento para orientar, consolar, conscientizar e sensibilizar a
família e responsáveis provoca o vácuo onde nasce o processo segregador e
estigmatizante. Prover o diagnostico é importante,mas não é o suficiente. Ha de
haver uma interação entre a equipe multidisciplinar e os familiares e
cuidadores para que exista a segurança e a confiança no processo de tratamento
e reabilitação destes pacientes. De acordo com o modelo construído
culturalmente, não existe possibilidade de reabilitação e de um convívio social
entre os portadores de demência e a sociedade como um todo.
Como se manifesta o estigma? O olhar excludente, o medo e ao
asco.Um olhar de uma compaixão sem atitude, uma compaixão a distancia.O
comodismo de não ser conosco, de não ser um problema nosso.A atribuição de um
rotulo a estes pacientes, pois as pessoas gostam de rotular os outros.Em Microfísica do Poder, Foucault diferencia em dois os modelos de reação social a
doenças: na lepra, o modelo excludente, que expulsava os portadores de
Hanseniase do convívio social, a fim de proteger os outros habitantes; o modelo da peste, onde não havia a exclusão
social, mas sim a reclusão a aposentos, a casas, para o controle da epidemia e
o controle da transmissão.Na Doença de Alzheimer, vemos os dois modelos em
ação: o excludente que retira o portador da doença de um convívio social, por
um alivio de seus cuidadores e da própria população e o de reclusão, onde “escondemos”
nossos idosos doentes para um controle total de suas vidas. Isto talvez seja originado da visão de que os portadores
da Doença de Alzheimer seriam totalmente inadaptáveis a um convívio social.
Dois são os
principais motivos para a exclusão dos pacientes: total falta de condições
físicas e financeiras para a manutenção dos idosos demenciados num convívio
social ativo e o outro motivo seria a necessidade desta família de não ser
taxada como uma família de um doente de Alzheimer. Neste momento, nestas
lacunas, aparece o estigma.
http://geriatriaemcasa.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário